sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Conto : A Fazenda que Eu Gostava - Autor : Ruy da Penha Lôbo

 

   Acontecia uma chuva fina  na  fazenda pardais azuis  eu Geraldo Gouveia vivia na esplêndida alegria e  felicidade juntamente  com meus pais Fabio Gouveia e minha mãe  Mirtes  e também meus irmãos Cláudio e Fátima desfrutávamos de uma paz que mais tarde sentiríamos falta pois se desenharia em  todo o contexto de nossas vidas.

   A  harmonia que se tinha era levantar cedo e ir para a escola  rural que estudávamos próximo a fazenda onde com muita dedicação  a  professora Catarina ensinava para uma turma de muitos alunos  sobre  um universo de conhecimentos desde os astros , as estrelas , matemática , português , história , geografia , ciências e redação .

Tudo era belo para mim vivendo essa sintonia de interação com o meio ambiente com os pássaros e toda uma conjuntura de situações que alegravam meu viver, meus pais viviam do  campo  da colheita de café , arroz  e feijão que era para nossa subsistência  e também para serem  revendidos na feira que acontecia em  Rio da Esperança uma cidade do interior de Goiás  próximo a nossa fazenda que era município desta cidade que  ficava a uns 20 quilômetros  sempre quando iam  a  cidade vender gostávamos de ir  também  com nossos pais mas para passear , ver pessoas entretanto ficava com ansiedade para acabar logo  a  feira e  voltar  para a fazenda pardais azuis onde sentia que a felicidade nunca iria acabar e ficaria para sempre em minhas memórias  cheias de saudades e  que seriam impressas no caderno de meu  coração.  

 Aos domingos era muito  bom eu Geraldo com 12 anos , meu irmão Cláudio íamos a um campinho de terra que existia  próxima a fazenda  e que era freqüentado pela molecada de outras fazendas que ia jogar e passar horas alegres sem pensar em nada somente naquele momento inesquecível era ao no de 1974 relembro bem eu Geraldo e meu  irmão  Cláudio  montávamos times e ganhávamos de todo mundo, ninguém podia conosco , aquela simplicidade!, Aquela descontração! Fez pulsar meu coração de saudade que ficara para sempre arquivadas na minha memória.

 Neste relato de recordações lembro também de ir pescar com meu pai Fabio no rio diamante que ficava perto da fazenda que tinha toda espécie de peixes e meu pai sorria quando conseguia fisgar alguns peixes para o nosso almoço de domingo que nesta época era tarde, pois neste dia aproveitávamos para levantar até mais tarde porque durante a semana era muito cansativo para meus pais que trabalhavam e para nós que estudávamos e teríamos que levantar bem cedo para ir ao trajeto de nossos objetivos que se construíram.  No desígnio de minhas memórias visualizo minha mãe Mirtes fazer biscoitos, bolos, broas e doces que eram a alegria de todas as pessoas que visitavam a nossa casa, pois eram momentos únicos de extrema pureza e felicidade que mais tarde sentiríamos falta, pois no relógio  do tempo as horas passam e não percebemos na harmonia da grandiosidade dos pequenos atos depois mais  tarde notamos o quanto éramos  felizes  e  não sabíamos  pois ser  feliz  é  algo subjetivo.  Minha irmã Fátima era pequena nesta época muito calada gostava de falar somente com minha mãe Mirtes  e brincava com sua boneca de pano que  ela possuía e era a única que tinha  sido um presente do meu avô  Hermenegildo  que havia ido a São Paulo capital passou perto de uma loja de um turco chamado Hassam que vendia todo tipo de mercadoria achou bonita e comprou para ela  e em seguida  foi visitar um parentes em Franca interior de  São Paulo a capital do  calçado passando perto de uma fábrica de calçados  viu umas botinas bem trabalhadas e  assim  ele  comprou umas  botinas para eu  Geraldo  e  meu irmão  Cláudio  que  ficamos  satisfeitos de alegria  e felicidade que  até hoje lembro deste dia que foi  um marco  singelo  em  minha  vida.

A  casa que vivíamos na Fazenda pardais  azuis  era simples pequena  lembro bem era da cor azul marinho , tinha um alpendre na entrada  estilo que era muito usado na época , possuía uma sala de estar , cozinha , um quarto para mim , outro para Cláudio e o quarto de Fátima que era encostado no quarto de meus pais  em que minha mãe sempre todas as noites fica observando minha irmã dormir pois era  pequena.  Existia também uma área ao fundo que servia também para meu pai  guardar  a caminhonete Ford  F 100 1972 vermelha que possuíamos ao  fundo no quintal tínhamos uma vista bela em que se podia ver um morro chamado morro iluminado  em que as noites ficávamos no escuro para ver a beleza da lua   e das estrelas próximos  a  altura do morro mostrando que a grandiosidade dele o morro  ficava pequena diante do universo que se via onde somos diminutos perante o poder do criador.  Sentado em uma poltrona passando os sites de jornal em meu  smartphone   lendo o jornal Folha de São Paulo revive e parei por alguns instantes meditando sobre tudo que vivi, morando  na capital paulista hoje em janeiro de 2020 neste arcabouço arquitetônico de prédios altos sente uma imensa saudade da fazenda pardais azuis onde o sol brilhava com força  e vivia a alegria nos mínimos perceberes   eu Geraldo Gouveia sou feliz com minha esposa Mônica  e meus filhos Rafael e Fernanda mas aquela harmonia sinto que não terei jamais pois tudo acontecia na simplicidade e não na ostentação que hoje notamos em mundo artificial  sendo valorizar os pequenos detalhes que onde mora a verdadeira  felicidade  que fazia  tanto alegrar meu viver.  

  Com  relação  a  meus irmãos  se  afastaram de mim vivem em  seu mundo  e  não procuram  saber  se estamos bem em uma individualidade que não era o que nossos pais  ensinaram em que diziam que devíamos ser unidos  pois a união é a força de uma família , hoje meu irmão  Cláudio  é  professor com mestrado em Geografia e ministra aulas  em uma Universidade de Curitiba  Paraná  chamada Mares Abertos enquanto a minha irmã Fátima é  professora de história e trabalha em um Colégio chamado Porto do Saber  em Belo  Horizonte  Minas  Gerais  e eu Geraldo Gouveia abordando anteriormente moro em São Paulo Capital  trabalho em uma consultoria de análise de mercado chamada Ações e Valores  toda a minha vida é em função de números cotação da bolsa ou seja mercado financeiro  muito diferente da vida  simples , alegre e  harmoniosa que existia em minha vida e de meus pais e irmãos.

Após alguns anos saímos da fazenda para estudarmos e alcançarmos nossos objetivos, pois já tínhamos terminado os estudos iniciais meu pai Fabio resolveu vender a fazenda para o senhor Ariovaldo um grande fazendeiro que há muito queria comprar mais meu pais nunca vendiam, pois gostavam muito dela  e haviam  resolvido vender porque nós precisávamos estudar mais e a fazenda também não produzia mais para  o nosso sustento e o senhor Ariovaldo queria a fazenda  para tocar uma plantação de algodão  entretanto não duro muito tempo e ele foi embora para o Mato Grosso  criar gado  e  ouve dizer que a deixou a casa  jogada as  traças  se  desgastando  e virando uma ruína  que nada lembrava a felicidade e  a harmonia que tínhamos sendo símbolo  do que é ser feliz.   A esplendida felicidade sempre ficara em meu coração dos tempos que não voltam mais  A  Fazenda  que  Eu  Gostava  é a  amplitude de significados  que a  vida  tem  sentido quando  aproveitamos  de  fato.  

                                            -  FIM -

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