De todos os momentos da minha vida eu Henrique Moraes visitando as recordações do meu passado mas precisamente em 1972 revivi com a alegria a vida simples , pura e bucólica e sentimental da Vila Esperança interior de Goiás que possuía na época mil habitantes era um lugar sereno , calmo onde a harmonia se fazia presente nos pequenos detalhes do amanhecer ao entardecer possibilitando a sua singularidade em um por do sol que até hoje nunca vi em nenhum outro lugar do mundo.
Nessas visões do passado recordo da vida dura de meu pai Antenor e minha mãe Marta que trabalhavam na pequena roça que tínhamos próximo a Vila Esperança cuidando dos bois, vacas e da produção de queijo para ser revendida na Vila , em nossa residência tínhamos uma horta que plantávamos para ser vendida nas casas sendo alface , tomate e, também uma plantação de laranja , morango e outras frutas.
Eu Henrique sentia a felicidade em minha vida infantil jogando bola , bolinha de gude junto com os meus amigos Péricles e Fausto em uma irmandade que hoje não existe mais e não se vê fruto de uma sociedade comunitária o oposto de hoje que é um mundo individualista que é presa aos bens materiais e não valorizando o ser humano na sua plenitude que é o mais importante pois é a criação de Deus.
No cotidiano de Vila Esperança todos os anos havia as festas juninas com terços , rezas e após a missa quadrilhas que alegravam a Vila e possibilitavam um sentido ao nosso viver com prendas que eram leiloadas no coreto que ficava perto da igrejinha de Santo Antônio que nesses dias além das pessoas da Vila também vinham pessoas de outros lugares fazendo que a festa tornasse completa na sintonia da emoção que fortalecia nossa fé.
No dia a dia em função da agricultura que era praticamente a base econômica da Vila, os únicos que trabalhavam em uma área diferente era senhor Aristeu e senhor Ezequiel que trabalhavam no comércio , senhor Aristeu tinha um pequeno armazém onde se vendia os itens de primeira necessidade e também outras utilidades que facilitavam a nossa vida, enquanto o senhor Ezequiel tinha uma venda que vendia bebidas , salgados de todos os tipos e era também muito freqüentado por toda a população.
A vivência dos dias não se percebia os minutos que passavam, mas somente momentos eternos de reflexão , acolhida e felicidade , o sol que despontava trazia a percepção que iríamos alegrar com simples sentimentos que aconteciam no expressar de cada palavra , gesto e ação. A maior das felicidades que recordo foi um dia ganhar uma bola vermelha de plástico de presente de natal e ir brincar com meus amigos Péricles e Fausto em um campinho que existia próximo à nossa casa e era frequentado por todos os meninos da Vila , aquele presente foi o maior tesouro da minha vida pois foi dado com muito sacrifício pelo meu pai Antenor que se alegrou ao ver os olhos de felicidade em que eu estava.
Meu pai Antenor era querido na Vila sempre pronto a ajudar as pessoas nas suas dificuldades , minha mãe Marta trabalhava de sol a pino com meu pai na roça , nas horas vagas fazia biscoitos, bolos , roscas para serem vendidas na venda do senhor Ezequiel enquanto a mim Henrique quando minha mãe e meu pai iam para a lida no campo deixavam aos cuidados de minha tia Mirtes e de meu tio Ferdinando , eu achava tudo ótimo pois brincava com meus primos Raul e Ricardo jogando bolinhas de gude o dia inteiro somente descansava quando o almoço de tia Mirtes ficava pronto que era delicioso.
Hoje em Goiânia no ano de 2020 no mês de março sentado em uma poltrona trabalhando na área de engenharia sendo um belo dia de domingo na minha casa no setor universitário lendo um Jornal adormeci e retornei a todos estes fatos , detalhes de minha história de vida , singela e pura onde a simplicidade se fazia presente. Após alguns anos com o declínio da agricultura os moradores de Vila Esperança foram se mudando saindo indo para outros lugares onde poderiam viver , inclusive meus pais ,viemos para Goiânia onde meu tio Armando arrumou um emprego para meu pai na loja que possuía que era de tecidos no centro da cidade enquanto a minha mãe cuidava de mim , vários anos depois passando em uma rodovia que passava próxima à Vila Esperança , vi que ela estava deserta , vazia, sem a alegria dos tempos passados , tudo isto doeu meu coração e fez pensar que a felicidade que tenho hoje com Catarina minha esposa , meus filhos Marcos e Claudia nunca é igual a Vila Esperança que vivi pois é a constatação que a felicidade existia e hoje tenho só memórias que vão ficar em toda a minha história para ensinar que os minutos devemos aproveitar e se alegrar. -
- FIM -
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