segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Aventuras em Bonfinópolis - Autor : Ruy da Penha Lôbo


     Era o ano de 1983, Eu Fernando Sales, Paula e Cristina aguardávamos com expectativa a viagem que faríamos de férias para a casa de meus tios Romualdo e Carmem em Bonfinópolis estado de Goiás, tudo era festa ansiosos de chegar o dia e ir para a rodoviária do Rio de janeiro e seguir o itinerário para Goiânia e de Goiânia para Bonfionópolis onde meus tios iriam nos buscar para levar para lá.    
     Então me lembro como se fosse hoje era o dia 5 de julho de 1983  meu pai Diocleciano e minha mãe Aparecida nos leva de carro para a Rodoviária estávamos sorridentes pois iríamos passar as férias que seriam eternizadas em minha memória , ao chegar a Rodoviária ficamos varias horas esperando o ônibus da expresso Guajara demorou um pouco mas quando foi quatro horas da tarde saímos do Rio de janeiro , antes de sair minha mãe uma goiana autentica sempre com suas recomendações  que era obedecer nossos tios em tudo e não desobedecer em nada e não fazer misturada de comida um termo muito usado em Goiás onde não se deve comer uma coisa por cima da outra despedimos de minha mãe e meu pai e entramos no ônibus . aquilo ficaria eternizado em meu coração. 
     Ao sair vi minha mãe e meu pai com olhos marejados de saudade, pois voltaríamos somente no final do mês, andamos a  noite inteira e enfim chegamos a Goiânia ao meio dia quando descemos do ônibus reencontramos nossos tios Romualdo e Carmen , ao nos ver eles nos abraçaram e abriram a porta do carro que tinham , me lembro como fosse fosse hoje era um  Escort Amarelo 1983 cor de gema de ovo , ficamos naquela alegria que não sabíamos o porque , coisa de adolescentes que tudo está bom .
     Ao chegar em  Bonfinópolis  uma cidade simples porem acolhedora notamos como a vida no interior é tão agradável sem aquela agitação , correria que a gente assiste todos  os dias nos Rio de janeiro , quando chegamos , meu tio Romualdo nos deixou  em sua casa e foi buscar meus primos Marcos e Juliana na casa   de sua irmã Fátima que estava cuidando deles até meus tios nos busca r na rodoviária de Goiânia  , enfim a vida no interior é muito boa , ao chegar da casa de sua irmã  meus primos nos cumprimentaram e fomos brincar eu Fernando e meu primo Marcos brincamos de bolinha de gude e minhas irmãs Paula , Cristina e minha Prima Juliana foram brincar de bonecas era muito simples a vida no interior como deveria ser a vida de cada um de nós sendo simples pois a simplicidade vem de Deus
     Nosso dia a dia era de manha levantávamos lá pelas 10 horas, ao acordarmos a mesa já estava pronta com bolo de fubá, pão de queijo, rosca era um café dos deuses que não esqueço nunca, naquela época o  Brasil estava  no período ditatorial sem  as liberdades individuais plenas que se tem hoje, na década de 80   surgiu uma banda que fazia sucesso que era o nenhum de nós com a musica astronauta de Mármore , o Brasil estava  em um momento de efervescência cultural muito importante para todos nós que marco uma geração  que hoje não existe mais ficou na minha memória.
    Os dias eram muito alegres íamos a missa todos os dias e após a missa havia cantores que cantavam caipiras musicas de raízes , musica simples que falava do sofrimento do homem do campo aquilo era novidade para mim pois vindo do Rio de Janeiro estava acostumado as musicas de samba , carnaval , aquela era uma manifestação cultural diferente mas para eu era muito rica mostrando como o Brasil é diverso em sua forma de expressar a cultura nas suas infinitas formas  que faz a singularidade de um povo.
     Perto da casa de meus tios havia um, campinho de futebol que todas as crianças do bairro jogavam bola era as quatro horas da tarde me lembro como se fosse hoje , eu e meu primo Marcos juntamente com seus colegas de escola Cláudio , Fabrício e Carlos  jogávamos a tarde inteira aquelas recordações ficariam arquivadas em minha memória mo meu coração de adulto  para sempre 
Aquela simplicidade, aquela maneira simples de viver eu sentia que a felicidade estava naquele modo de ser, onde as pessoas não precisavam ficar na correria do dia adia se alegravam com gestos humildes de vida, a noite o jantar era muito bom com feijão tropeiro, costelinha de porco, pelota, frango assado, após o jantar sempre havia uma sobremesa que era um pote de sorvete que normalmente era napolitano ou doce de goiaba ou marmelada que era muito saboroso inesquecível. 
Tudo era muito alegre e com muita singeleza que aquietava os nossos corações que faria que tivéssemos a expectativa de voltar nas férias de julho do próximo ano e viver aqueles momentos de memórias eternas lembranças que sempre guardarei, chega enfim o dia que voltaríamos para casa que nos entristece, pois iríamos voltar para o nosso mundo reclusos na correria  do dia a dia sem aquela simplicidade que nos alegrava e enaltecia meu coração de alegrias e memorias 
No dia 4 de agosto de 1983 fomos arrumar nossas malas com ajuda de minha tia Carmem, meu tio Romualdo coloca as malas dentro do carro, ao sairmos da casa dos meus tios olhei para Bonfinópolis e naquele instante senti saudades para mim foi um choque de realidade entre dois mundos conhecer outra realidade que não era minha e que me alegrava muito de esperança e otimismo e que dias melhores viriam.
     Neste instante acordei e vi que tudo eram sonhos de um tempo que não volta mais hoje aos 41 anos no ano de 2012 e casado com Margareth tenho dois filhos Renata e Gustavo exerço a profissão de engenheiro na construção de rodovias, entretanto a felicidade está naquele tempo simples  que não esquecerei jamais tempo bom que não volta mais e que eternizarei em meu coração.       
As minhas irmãs não me procuram mais , formaram-se em História , fizeram mestrado e hoje ministram aulas em uma universidade do Rio de Janeiro e meus primos moram na Itália , depois que meus  tios faleceram há dois anos atrás. A nossa vida modificou por completo, meus pais também não existem mais, minhas irmãs ficam reclusas em seu mundo, mas aquele tempo de gestos simples não esquecerei de forma alguma da Bonfinópolis da minha infância que guardo no coração são aventuras de Bonfinópolis que se manifestam na minha mente e trazem uma época de saudade que guardarei constantemente.

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