quarta-feira, 18 de maio de 2011

Noites de outono - Autor : Ruy da Penha Lôbo

Era sábado  22 de março de 1920 , estava brincando com meus irmãos Claudio, Romualdo , Melquiades e Venerando e minha irmã Carmem , meu pai Ataíde , chamou-nos para entrar para dentro tinha uma novidade para nos contar.

   Entramos e ele disse para mim :
        - Ferdinando vou ter que viajar por alguns dias e peço que cuide de sua mãe juntamente com seus irmãos
    Então respondi a ele:
         -Porque pai você diz isso
    
       Em seguida meu pai disse :
       
       - É porque eu tenho que ir atrás de sua avó que há muitos anos nos separamos e alguém me disse que ela está em Jaçuaba , eu quero revê-la pois depois que ela se separou de meu pai , eu nunca mais a vi , pois meu pai me pegou e sumiu comigo e ela nunca mais soube notícias  .   
    
      Ouvindo todo aquele relato disse :
        - Pai pode ir tranqüilo traga a vovó para que possamos conhecê-la .
        
      Nesse instante meu pai saiu e foi se arrumar, assim que se aprontou pegou as malas , pois a viagem era longa , cento e oitenta quilômetros de distancia de onde nós morávamos, quando terminou de se arrumar chamou minha mãe Bernadete e disse :
        
         - Querida vou te deixar um dinheiro , para que você se mantenha até eu voltar.
     
       Ao falar isso minha mãe lhe deu um beijo e disse:
        
          - Pode ir tranqüilo Ataíde , vamos ficar bem
        
       Passadas algumas semanas minha mãe já estava de preocupando pois meu pai não lhe mandava noticias e naquela época era complicado pois o único meio de comunicação era o telegrafo , que demorava muitos dias , não é igual o que se tem hoje que se tem a internet em que em poucos minutos fica-se sabendo de tudo.
      
     Ao passar estas semanas meu pai manda um telegrama dizendo:
            
      - Querida se prepare pois estou chegando com minha mãe nos próximos dias

        Chega o dia 20 de abril fomos para a estação , seu Ataxedes , o chefe da estação estava esperando o trem , para pegar as correspondências , enfim chega a hora que tanto aguardávamos , a locomotiva para em Guaranam era uma noite fria de outono estávamos com roupas de frio , eu minha mãe e meus irmãos .
        
       Ao descer do tem vi meu pai com um sorriso estampado em seu rosto , em seguida minha avó uma velhinha , tendo que ser amparada por meu pai , quando a encontrei ela sorriu e disse:
          
      - você que é Ferdinando seu pai falou muito de você , venha meu netinho me dê um abraço. 

     Enquanto isso meus outros irmãos estavam por entender eram crianças muito mais novos que eu e não sabiam o que estava acontecendo , a felicidade havia chegado a nossa casa , meu pai estava feliz pois tinha encontrado sua mãe , minha mãe também estava alegre pois meu pai havia voltado e eu e meus irmãos continuávamos, vivendo aquela vida de criança onde não se tem responsabilidade e somente vive-se aquele momento.  
     
    Sentado na sala de casa em Londrina Paraná , com minha esposa Fátima , relembrei disso tudo e senti uma vontade imensa que aqueles momentos alegres voltassem , hoje não tenho meus pais , minha mãe faleceu  , meus irmãos não os  vejo mais nós separamos uns foram para São Paulo outros para Goiânia e eu nessa solidão o que me acalenta e motiva , são aquelas noites de outono , em que os dias eram alegres e que ficaram eternizadas nas memórias deste velho triste .

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